Poema dedicado a Mario Quintana por
Manuel Bandeira,Foi lido pelo autor na sessão da Acadêmia Brasileira de Letras, no dia 25 de agosto de 1966
A Mario Quintana
Meu Quintana, os teus cantares
não são Quintana, cantares:
São Quintanas quintaneres
Quinta essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintares!
Quer livres, quer regulares,
abre sempre os teus Cantares
Como flor de quintanares
São cantigas sem esgares,
Onde as lágrimas são mares,
De amor, os teus quintares.
São esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas e luares.
São para dizer em bares
Como em mansão seculares,
Quintana, os teus quintares
Sim, em bares,onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares
E quer no pudor dos lares,
Quer no horror dos lupanares,
Cheiram sempre o teu cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples invulgares,
Quintana, os teus quintares.
Por isso eu peço não pares,
Quintana no teu cantares...
Perdão digo Quintares.
Manuel Bandeira